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Esperanto em Campina Grande

09/05/2013 20:25

 

Esperanto em Campina Grande / Paraíba (década de 1980) - Um
depoimento
 
Por Afonso Camboim, mestre em Teoria da
Literatura (Brasília, 22 de março de 2013)
 
Em 1979, o professor Alexandre Guilherme de Aguiar Pietsch (da UFSE), que
não era esperantista e que fazia pós-graduação em Engenharia de Sistemas na
UFPB (hoje UFCG), Campina Grande, falou-me sobre algumas características
do esperanto e presenteou-me com a brochura Primeiro Manual de Esperanto,
editada pela Federação Espírita Brasileira. Eu, José Afonso de Sousa Camboim,
então calouro do curso de Licenciatura em Letras na UFPB, já lera referências à
língua internacional em obras espíritas e, imediatamente, convidei minha colega
Maria do Socorro Paz e Albuquerque (atualmente Professora Doutora no curso
onde fomos alunos) e mais alguns jovens amigos para estudarmos esperanto,
formando em seguida o Kunigilo Espranto-Klubo, que originou a Associação
Esperantista de Campina Grande. À época não sabíamos de qualquer atividade
anterior em torno do esperanto na cidade.
 
No ano seguinte, eu e Socorro Paz fizemos o Curso Básico de Esperanto por
correspondência da Liga Brasileira de Esperanto, e passamos a ministrar
(repassar) esse curso básico, adotando o livro Esperanto língua viva, de Paulo
Amorim Cardoso. Presidente do Kunigilo, passei a divulgar amplamente o
esperanto mediante centenas de palestras, entrevistas à imprensa e pelo uso
de qualquer meio disponível, até mesmo apresentação de canções da MPB em
esperanto; inclusão da “escola de esperanto” no desfile de 7 de Setembro;
marcação de quadrilha junina em esperanto no “Maior São João do Mundo”;
inserções semanais de 5 minutos (“Sessão Esperanto”) no programa espírita
“Gotas de Luz”, apresentado pelo Capitão José Aldano da Silva na Rádio Cariri-
AM; e eventos como o encontro com uma caravana de 20 esperantistas de
Fortaleza, liderada pelo eminente professor Paulo Amorim Cardoso (1984)
[ver registros fotográficos anexos]. Em parceria com os alunos, fazíamos
exposições, distribuíamos panfletos, disponibilizávamos livros em/sobre
Esperanto à biblioteca do Núcleo de Estudos Linguísticos e Literários - NELL
da UFPB, produzíamos camisetas, enfim aproveitávamos todos os espaços, de
modo a inserir sempre o Esperanto na cena cultural da cidade. Até mesmo o
Livro do Município - Campina Grande/1984, uma publicação conjunta do MEC/
MOBRAL/Estados/Prefeituras, destinou uma página (v. 71) ao Esperanto,
referindo-se ao nosso trabalho e aos cursos do Kunigilo. Além disso, passei a
participar dos congressos da Brazila Esperantista Junulara Organizo – BEJO e
de congressos brasileiros de Esperanto, tendo sido o primeiro o de Iporá /GO
(1983), onde mostrei duas canções na língua internacional (Komprenado e Mi
amas vin), que integram a obra fonográfica Eltransformigho, de minha autoria.
 
Os cursos do Kunigilo eram gratuitos e, na maior parte, funcionaram na
Faculdade de Administração da Universidade Regional do Nordeste - URNe,
 
em salas que nos eram disponibilizadas aos sábados, chegando a ter: três
turmas simultâneas de 20/25 alunos por semestre, um curso de “formação de
professores” e cursos ministrados por ex-alunos . Seis desses ex-alunos hoje
são professores mestres/doutores, principalmente na área de Letras, na UFCG e
na UEPB: Socorro Paz (já citada), Oscar de Lira Carneiro, Ana Paula Sarmento,
Rosângela Melo, Jógersson Pinto e Wilmar Gaião.
 
Em sua luta por uma “sede própria”, o Kunigilo chegou a manter cursos
em sala alugada pela Prefeitura Municipal de Campina Grande (anexa ao
Teatro Severino Cabral) durante 1 ano, no governo do ex-senador Prefeito
Ronaldo Cunha Lima (1984), bem como cursos em sala alugada pelo próprio
Kunigilo(1985) no centro da cidade. No período 1980/1985, acima de duzentos
alunos cursaram o nível básico. Dentre esses novos esperantistas: 1) José
Joacir de Sousa Camboim (hoje graduando em Pedagogia) mudou-se para
Manaus-AM (1986), onde continua ensinando Esperanto e participando
ativamente do movimento esperantista; 2) eu mudei-me para Brasília-DF
(1985), onde continuei atuante no movimento por mais um quinquênio, tendo
sido presidente e professor da Associação Brasiliense de Esperanto - ABE
(1986/87), tendo feito palestras como Esperanto, a holística na linguística (I
Congresso Holístico Internacional - Centro de Convenções Ulysses Guimarães),
e tendo recebido em reconhecimento por essa atuação uma comenda do
Governo do Distrito Federal (Medalha Mérito Alvorada/1987); e 3) a parte
mais entusiasta dos outros (já nominalmente citada) fundou a Associação
Esperantista de Campina Grande, que veio a realizar o Congresso da BEJO de
1990.
 
Em 2013, retorno ao movimento esperantista, porém não mais focado no
trabalho sobre o tradicional tripé divulgação/ensino/uso, tudo à margem
da "oficialidade". Atualmente, vejo como prioritário o esforço concentrado
dos esperantistas no sentido de "responsabilizar" o(s) governo(s) por
esse patrimônio cultural da humanidade e, mais precisamente, no sentido
de fomentar a criação de políticas públicas para inserir o Esperanto
no sistema oficial de ensino - não só do Brasil, mas sim de grupos de
países, simultaneamente. A proposta é que o governo brasileiro assuma o
pioneirismo de resgatar o Esperanto da marginalidade, atribuindo-lhe o valor
de "componente curricular", e que encaminhe essa política junto aos seus
parceiros no cenário internacional. Pensar e desenvolver estratégias nesse
sentido é o meu trabalho hoje (cada vez menos solitário, espero), além de
exercer a função de consultor técnico-legislativo na Câmara Legislativa do
Distrito Federal.